Sl 91.1-13; Dt 26.1-11; Rm 10.8b-13; Lc 4.1-13. 1 de Quaresma

O pior vendedor de todos.

Era uma vez um comerciante que tinha o melhor produto de todos. E um dia ele entregou de graça seu produto para todas as pessoas. Fim.
Certamente esta história não reflete a realidade consumista que vivemos hoje. E certamente ela não representa a humanidade como um todo. O ser humano busca sempre o lucro. Está sempre correndo atrás do “o que eu ganho com isso?”
“O que eu ganho com isso?” foi o que perguntou Eva para a serpente.  E assim começa a nossa jornada em meio ao pecado, a dor e à morte.
Mas e se Deus dissesse “o que eu ganho com isso?” Como será que ficaríamos se Deus respondesse à nossa queda em pecado, nossa ruína ante todas as tentações com um sonoro “e daí?”
1 – Jesus sofre em nosso lugar.
Deus certamente não respondeu de tal forma, mas enviou o seu Filho para sofrer em nosso lugar tudo aquilo que nós certamente não suportaríamos. Assim como por meio de um ser humano o pecado entrou no mundo, assim também por meio de um ser humano veio a salvação. O texto da tentação de Jesus é início da caminhada que vai leva-lo ao calvário.
Depois de ser batizado por João Batista, Jesus é levado pelo Espírito Santo ao deserto, onde permaneceu por 40 dias sem comer. E quando sentiu fome, lá estava o melhor vendedor de todos, lhe oferecendo comida. Jesus poderia ter transformado as pedras em pão? Certamente. Então porquê não o fez? Por que significaria que ele teria obedecido ao Diabo, cedido à sua vontade carnal e não à vontade de Deus.
Depois Jesus é levado pelo diabo a um lugar muito alto e, assim como Moisés viu a terra prometida, ele vê o mundo. “Se prostrado me adorares tudo isso será seu!” Parece uma proposta irrecusável. Parece aquelas propagandas que mechem com a gente de tão boas que são. Quase inacreditáveis. “Ninguém vai ver. É rapidinho!” Ele poderia ter dito a Jesus. Mas o melhor vendedor de todos sabia que ali estava o filho de Deus, que não se deixaria levar por promessas falsas. “Só a Deus adorarás!”
Finalmente, no ponto mais alto do templo, o diabo diz “jogue-se daqui para baixo e os anjos te segurarão!” Jesus não precisaria nem dos anjos, pois ele é Deus. Ele caminhou sobre as aguas! Ele subiu ao céu! Parou o sol no céu! Criou estrelas, universos, sóis, buracos negros... Um pouco de gravidade não lhe faria mal algum. Mas o perigo estava novamente em atender a vontade do Diabo e não a de Deus!
Se Jesus tivesse cedido q qualquer uma das tentações, ele seria idolatrado pelas pessoas. Teria fama e dinheiro. Onde ele permanece em pé nós caímos. Ele passa pelas mesmas tentações que nós, mas as vence.
2 – Ele tem algo a oferecer!
E justamente por ter sofrido exatamente como nós, ele tem algo a oferecer. A tentação de Jesus é o início de uma caminhada que vai terminar no Gólgota, com toda a dor e sofrimento que testemunhamos ano após ano na semana da paixão. Ele é machucado, ferido, exposto vergonhosamente, suportando o peso dos pecados de todo o mundo. E isso é assim pois o seu amor o moveu a seguir em frente. Por causa do seu amor ele venceu a todas as tentações do Diabo. O seu amor por nós o fez suportar o peso que nós não poderíamos suportar.
Estamos na quaresma e todo este período aponta para o Jesus Cristo ser humano como nenhum outro período da igreja. Ele, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, sofreu em lugar da humanidade inteira para alcançar algo que a humanidade sozinha jamais alcançaria: perdão.
Algumas histórias de pessoas mostram que mesmo com muitos anos e esforços elas não conseguem perdão. Algumas pessoas passam a vida inteira em busca de perdão por algo que fizeram ou por algo que pesa em suas consciências. O perdão é o sonho impossível delas. E por vezes este sonho assume um peso impossível de ser carregado.
Quando este perdão refere-se a Deus, o peso se torna muito maior. Penitências, sacrifícios, promessas, consciências pesadas... Estas são as pessoas buscando o perdão de Deus. Martinho Lutero vagava pela sua vida em busca do perdão de um Deus castigador e malvado, que, na sua mente, não desejava a felicidade da humanidade. E por isso Lutero sofria uma angústia terrível.
Quanto valeria remover este peso? Quanto você pagaria para não sentir mais esta angústia?


3 – O pior vendedor de todos!
Jesus passou por todas as coisas que nós certamente não poderíamos passar e venceu. Ele venceu as tentações, ele venceu o Diabo, ele venceu o mundo e a própria morte. E por causa desta vitória, hoje você também pode ser vencedor!
Quanto custa? Nada. Quanto? Nada.
Deus é certamente o pior vendedor de todos e não seria contratado por empresário algum nos dias de hoje. Ele tem o melhor produto de todos, aquele que interessa a todas as pessoas e sempre vai continuar interessando. Elas sempre vão continuar precisando de perdão. Do perdão. E Deus sempre o estará entregando de graça. Sem cobrar um centavo.
Sabemos que muitos dos seus auto proclamados “gerentes” desejam tirar a sua parte neste presente, dizendo “pague, compre, venda... um pedaço no céu...” mas o preço que Deus cobra de nós é zero.
Este é o pior vendedor de todos. Aquele que não quer vender, quer dar. Deus, em seu amor, sofre tudo aquilo que nós não poderíamos suportar para conquistar a vida verdadeira, o perdão por toda a eternidade, para o entregar a nós de graça, mediante um coração arrependido, transformado pelo seu sacrifício e exemplo de amor.
Este amor e perdão ainda estão disponíveis para nós. Quaresma é tempo de lembrar de todo o preço que Deus pagou para termos este presente tão belo. Deus já era dono de tudo e de todos nós. E quando foi necessário, ele não se negou a pagar de novo por nós, desta vez com seu santo e precioso sangue e sua inocente paixão e morte.

Era uma vez um vendedor que tinha o melhor produto de todos. E ele o deu de graça... por graça. E fim.


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