CEGOS DO CORAÇÃO João 9. 1-41


João 9. 1-41
(Sl 142; Is 42. 14-21; Ef 5.8-14 )
Certa vez um jovem entrou em uma caverna muito profunda. Ele o fez para saciar o seu desejo de aventura e de descobrimento. A entrada da caverna era larga e alta, por onde entrava muita luz. Mas conforme ele avançava para dentro da caverna a escuridão o envolvia. Portanto ele continuou seguindo em frente. Logo ele não podia mais ver nem mesmo a parede da caverna, ou as pedras pontiagudas que havia no chão. “ Vou voltar” ele pensou. Mas quando virou-se para onde imaginava que estava a saída só enxergou a escuridão. E tudo aquilo que ele tinha de impetuosidade tornou-se, naquele instante, medo.
            É interessante pensarmos em quão rápido o nosso sentimento, seja ele qual for, torna-se medo. Está tudo bem e de repente uma queda.
Medo.
Estamos dirigindo tranquilamente e de repente, um acidente.
Medo.
Todas as pessoas que amamos estão bem e de repente, um telefonema para avisar que alguém está no hospital.
Medo.
Vivemos cercados por esta palavrinha tão ameaçadora. O medo nos faz ficar alertas diante do perigo mas ele é incapaz de nos avisar do perigo que não vemos.
O Corona vírus encheu o mundo de medo e estamos assistindo pessoas e países inteiros à beira da loucura diante de uma pandemia que a poucos meses poucos tinham ouvido falar. E toda a segurança,  força, riquezas, estabilidade construída por anos em uma sociedade... foram pro espaço. Nós agimos da mesma forma que o jovem que foi adentrando na caverna, pensando que nada de mal poderia acontecer e, quando nos voltamos para olhar para trás, os hospitais já estão lotados.
Esta é a síntese do ser humano caminhando por esta vida sem Deus. Ele segue o seu rumo andando em frente, confiando em sua força, confiando em sua inteligência, confiando em suas leis e na segurança que elas proporcionam. Até que ele se depara com a inevitabilidade da morte. Com a grandeza do pecado. Com o tamanho da culpa. Então ali, como uma criança encolhida no canto de uma caverna, com medo do escuro e de nunca mais sair da escuridão, o ser humano clama a Deus por socorro.

1 – Abrir os olhos carnais
O evangelho de João, no capítulo nove, mostra os discípulos perguntando a Jesus algo que era, talvez, algo certo em suas mentes: Aquele homem é cego por causa do seus pecados ou por causa dos pecados dos pais?” Provavelmente esperavam que Jesus concordasse com eles, mas a resposta que ouviram foi algo diferente do que tudo o que haviam aprendido aos pés dos mestres da lei: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus.
            Ainda carregamos em nós o mesmo pensamento dos discípulos; o de que Deus castiga aqueles que cometeram pecados. Mas quando fazemos isso estamos nos considerando iguais aos fariseus, pois eles sim, julgavam-se sem pecado. Quando o cego que fora curado por Jesus inquiriu a eles, disseram: “Tu és nascido em pecado e quer ensinar a nós?”
Estão com os seus olhos fechados pelo medo. Medo de perder o poder. A autoridade. Estão com medo de ter de reconhecer que são pecadores e que por suas próprias forças não podem chegar à luz.
            Diante da pergunta dos discípulos, Jesus não quis que os olhos carnais deles vissem um grande espetáculo: ele fez lodo com a saliva, e colocou nos olhos do cego. Tocou no pecador. O Enviou ao poço de Siloé. Nem mesmo há o relato de que alguém tenha se preocupado de guiar os passos do cego. A Bíblia apenas diz que “ele voltou vendo”.
            Aquele homem agora enxergava, mas não apenas com os seus olhos carnais, mas com os olhos da fé.

2 – Abrir os olhos da fé
            Nossos olhos só nos avisam do perigo quando este se pode ver, mas quando o risco é invisível nada acontece. Mas será que com os olhos da fé acontece o mesmo?
            Estamos vivendo em tempo de templos fechados para conter o avanço de um vírus. Cristãos que anseiam pela Palavra de Deus estão sem poder estar em comunhão física uns com os outros. A Santa Ceia não está sendo celebrada. Deveríamos ter medo disto? Pensem comigo: o presente mais sagrado que o Senhor deu ao seu povo, seu corpo e sangue, não pode mais ser servido como vínhamos fazendo regularmente a décadas. E nós sentimos falta disso.
            Estaríamos sendo muito ingênuos se não refletíssemos o que Deus está falando por meio disto.
            Tivemos a oportunidade de celebrar, de louvar, agradecer, ouvir, aprender sobre o amor de Deus por todo este tempo, mas não demos valor. Fomos sempre deixando para depois. Fomos agindo como se o culto fosse para nós uma obrigação, algo que tínhamos que fazer por alguém ter mandado: talvez o pastor, talvez nossas diretorias. Fomos exatamente como o jovem na caverna: nos acostumamos a andar na direção da escuridão até que em determinado momento, Deus disse: Chega!
            Apagou-se a luz. Não há mais como voltar. Estamos agachados no canto da caverna sem termos como voltar atrás para podermos receber o corpo e o sangue de Jesus de novo. “ E Se continuarmos assim para sempre?” é o pensamento que passa em nossa mente.
            Templos fechados são motivo de verdadeiro arrependimento. Para cada cristão que se colocou diante do altar de forma indigna antes. Para cada cristão que escolheu estar longe do templo quando ele estava de portas abertas. Para cada pastor que celebrou a Santa Ceia sem ter o seu coração tocado pela grandeza e pela santidade daquele momento. Deveríamos agir como Davi, quando escondido na caverna, fugindo de Saul, derramou o seu coração diante de Deus, suas angústias, seu pecado. Ali na escuridão ele praticamente implorou pelo perdão de Deus.
Mas o mundo continua como os fariseus: como um cego andando na escuridão. As pessoas estão indo às praias, aos mercados, aos bares como se nada estivesse acontecendo. Nada de arrependimento. Nada de necessidade. Nada de desejo pela presença de Deus. E continuam se afundando na caverna.
            O cego curado por Jesus sabe o que é estar no escuro. Ele esteve lá. Ele soube que por suas próprias forças ele não poderia ver, mas foi resgatado. E quando os fariseus o estão questionando, ela dá provas de que os seus olhos carnais foram abertos. “Sou eu”, ele diz. Mas não apenas estes olhos. Os olhos da fé se abriram.
            É com coragem que ele responde aos fariseus. É com coragem que ele dá testemunho e fala da sua condição de perdido e resgatado das trevas. É com coragem que ele se coloca em posição de ser expulso da sinagoga por causa do que aconteceu.
Ele viu. Ele esteve lá. Agora é tarde demais para voltar para dentro da caverna. Ele foi despertado pelo amor de Jesus e trazido à vida pela fé. Não vive mais como néscio, como cego, mas agora ele sabe quem o curou e quem lhe deu nova vida. E quando Jesus lhe encontra, não há mais como negar que em seu coração o que agora ele vê, o que agora ele vive é muito melhor do que antes:
Crês tu no Filho do Homem? 36Ele respondeu e disse: Quem é, Senhor, para que eu nele creia? 37E Jesus lhe disse: Já o tens visto, e é o que fala contigo. 38Então, afirmou ele: Creio, Senhor; e o adorou. 39Prosseguiu Jesus: Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não veem vejam, e os que veem se tornem cegos. 

Conclusão:
            Tomika Jion é uma jovem de sete anos que vive na cidade de Tókio. Ela nasceu cega por conta de uma doença que a mãe contraiu enquanto estava no período de gestação. Ela nunca viu nada além de escuridão. A sua vida é feita de sons e vozes. Através da medicina, Tomika tornou-se voluntária de um programa que, através de óculos especiais, permite que crianças possam ver.
            Você consegue imaginar a alegria dela quando pôde – literalmente – abrir os olhos e ver o rosto dos seus pais? Ver as lágrimas de alegria deles? Foi a primeira coisa que ela viu.
            Você pode imaginar a alegria de Deus, o seu Pai, quando você abre os seus olhos e vê a face gloriosa dele? Quando você, pelo Espírito Santo, pode dizer como o cego que Jesus curou: Eu creio, Senhor!
Templos fechados são um tempo de arrependimento e de reflexão. É tempo de voltar para Deus antes que seja tarde demais.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NÃO ME VENHA COM CHORUMELAS!

Andando na Contramão.

ESTOU CANSADO DESTA VIDA